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A expansão da variante delta no Brasil levou as autoridades a decidirem aplicar a terceira dose de vacina contra a covid-19 em idosos.
O Ministério da Saúde informou que começará a enviar as doses de reforço aos estados a partir de 15 de setembro, mas alguns estados e capitais já começam a aplicar antes.
Em São Luís, no Maranhão, a terceira dose começou a ser aplicada nos idosos residentes em instituições de longa permanência (ILPI's), a partir de 70 anos, nesta quinta-feira (26).
No estado de Minas Gerais, a terceira dose será aplicada a partir de setembro com prioridade para os idosos acima de 80 anos e pessoas com baixa imunidade.
Em São Paulo, a previsão é para o dia 6 de setembro para idosos com 60 anos ou mais.
De qualquer maneira, a prioridade é aplicar a terceira dose em idosos que tomaram as duas doses há pelo menos seis meses.
Segundo o Ministério da Saúde, a dose de reforço vale para quem tomou qualquer imunizante e será feita, preferencialmente, com uma dose da Pfizer. Na falta deste, a alternativa será as vacinas da Janssen ou Astrazeneca.
Com a aplicação da terceira dose em idosos, a imunização de adolescentes pode ser comprometida, uma vez que só a vacina da Pfizer tem autorização para ser aplicada neste grupo.
“Tudo vai depender da quantidade de doses que vamos receber. Pode ser que, de alguma forma, afete a vacinação de adolescentes. Vamos fazer todos os esforços para que esse impacto seja o menor possível”, disse o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, em entrevista coletiva.
Contra a OMS
A decisão de aplicar a terceira dose ocorre mesmo com a orientação contrária da Organização Mundial da Saúde (OMS). Aplicar a terceira dose “é como jogar uma segunda boia para alguns enquanto outros estão se afogando ao lado”, afirmou nesta quarta (25) o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus.
Desde dezembro de 2020, 1,7 bilhão de doses foram aplicadas em 189 países, de acordo com um levantamento da Universidade de Oxford. Desse total, 1,3 bilhão ficaram concentrados em 10 países.
Isso significa que, enquanto alguns países estão aplicando uma terceira dose, outros sequer conseguiram completar o esquema vacinal com duas doses. Esses países, onde a população não está protegida, se tornam um ambiente perfeito para o surgimento de novas variantes. Com a circulação do vírus, maiores são as chances de surgirem as mutações e, consequentemente, novas variantes mais perigosas que podem, inclusive, tornar ineficazes as vacinas que estão sendo aplicadas como terceira dose.
“Tomadores de decisão não devem usar recursos escassos como a vacina em uma aplicação sem comprovação científica, desviando-a de suas duas principais prioridades no momento: evitar mortes e impedir o surgimento de variantes mais perigosas”, afirmou Kate O’Brien, diretora de imunização da OMS.
Com a aplicação da terceira dose em idosos, a imunização de adolescentes pode ser comprometida - Foto: Tatiana Fortes / GOVCE |
Edição: Daniel Lamir (Brasil de Fato)
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