O próximo passo para que o 5G, a nova geração de internet móvel, chegue ao Brasil é a realização do leilão da tecnologia. Com a aprovação do edital pelo Tribunal de Contas da União (TCU), há expectativa para que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ajuste os últimos detalhes do documento e marque o evento, previsto para outubro.
Já adotada em alguns países, a tecnologia 5G é 20 vezes mais rápida do que o 4G. Isso quer dizer que o tempo entre um clique e a resposta para esse comando é muito menor. Especialistas avaliam que a cobertura da nova tecnologia vai trazer melhorias para os cidadãos, mas principalmente para o setor produtivo, como o agronegócio e a indústria. Brasileiros que moram nas áreas rurais e escolas que hoje não contam sequer com acesso à internet também estarão entre os maiores beneficiados. Ao menos essa é a expectativa.
Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), destaca o impacto que o 5G vai ter para a população. “É uma tecnologia que veio para revolucionar uma série de coisas. Que vai nos dar uma maior velocidade, um maior tempo de resposta na transmissão de dados. Não é um impacto tão somente para o cidadão. É um impacto, creio eu, até muito maior para as empresas, porque o 5G é uma tecnologia que vai permitir a comunicação não só entre as pessoas, mas, sobretudo, entre máquinas. É máquina conversando com máquina, é máquina conversando com a infraestrutura”, explica.
Papel municipal
Os gestores públicos têm papel fundamental para que a tecnologia traga melhorias para a vida das pessoas. Um dos maiores gargalos, segundo especialistas, está ligado à infraestrutura.
Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura de Telecomunicações (Abrintel), há mais de 5 mil pedidos de construção de infraestrutura no Brasil, que não vão para a frente por falta de aprovação das prefeituras. Em alguns locais, o atraso pode chegar a sete anos.
Mesmo com a aprovação da Lei das Antenas, em 2015, a esfera municipal carece de regras mais claras em várias cidades. O conflito entre norma federal e legislação municipal acaba gerando insegurança jurídica e atrasa o processo de modernização da infraestrutura necessária para a chegada do 5G, avaliam especialistas.
Até por isso, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) já chegou a pontuar que a conectividade e a legislação urbana “devem ser prioridade na agenda dos gestores locais.”
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Educação
O relatório do ministro Raimundo Carreiro, do TCU, recomendou à Anatel que inclua no edital do leilão do 5G a obrigação de as empresas vencedoras levarem internet móvel de qualidade às escolas públicas de todo o país. De acordo com o Censo Escolar de 2020, menos de um terço das escolas públicas de ensino fundamental tem estrutura para acesso à internet.
O vice-presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e prefeito de Manaquiri (AM), Jair Souto, defendeu que os municípios tenham acesso a mais recursos para que os brasileiros possam ter ensino de qualidade. “A educação de fato, talvez dos piores, é o mais afetado, porque crianças e gerações têm o compromisso muito grande de se preparar, de se formar, e com pouco acesso”, destacou.
Agronegócio
Responsável por quase 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020, o agronegócio pode se tornar ainda mais competitivo a nível internacional com a chegada do 5G. Hoje, cerca de 70% dos estabelecimentos rurais estão desconectados, o que é uma desvantagem para os produtores brasileiros. A nova tecnologia, caracterizada pela alta velocidade, se destaca por permitir a evolução na comunicação entre as máquinas.
Entre as melhorias, os agricultores poderão contar com o uso de drones para controle e prevenção, estimar a safra, monitorar culturas e animais e automatizar a colheita e pulverização. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), se o Brasil ampliar a conexão do campo em 25%, o valor bruto da produção agropecuária brasileira pode aumentar 6,3%.
Leilão
No leilão do 5G, a Anatel vai ofertar quatro faixas de frequência de internet móvel de quinta geração: 700 MHz; 2,3 GHz; 26 GHz; e 3,5 GHz. Quem levar o leilão terá direito a explorar as faixas por 20 anos. As faixas estão avaliadas em R$ 45,6 bilhões.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil |
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