As startups são empreendimentos inovadores com base tecnológica que apostam em um modelo de negócio facilmente replicável, uma solução que seja escalável, ou seja, a startup tem de ser capaz de entregar o mesmo produto ou serviço novamente em escala potencialmente ilimitada, sem muitas customizações ou adaptações para cada cliente.
Ronaldo Tenório é o CEO da startup Hand Talk, sediada em Alagoas. O empreendimento ganhou corpo em 2012, quando ele e mais dois amigos ganharam o prêmio de um desafio de startups e usaram o prêmio para dar início ao negócio, que usa um tradutor virtual 3D para levar aos surdos as informações de um site ou de um aplicativo, produto que hoje leva inclusão a milhões de pessoas em todo o mundo.
Os assistentes virtuais da startup, Hugo e Maya, estão em diversos sites pelo mundo e em mais de 800 endereços eletrônicos brasileiros de grandes empresas e atendimento ao público, como a Prefeitura de São Paulo, por exemplo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital paulista tem mais de 810 mil pessoas vivendo com algum tipo de deficiência auditiva. E embora muitos não saibam, cerca de 80% dos surdos não compreendem muito bem a língua falada e escrita em seus países, ou seja, oito em cada dez surdos que acessam um site no Brasil não entendem quase nada do que está na tela, já que sua língua principal é a Língua dos Sinais.
“Bancos, lojas, empresas aéreas, enfim, diversos empreendimentos perceberam a necessidade dessa acessibilidade e hoje contam com o plugin que, por meio de um clique, leva ao surdo, em libras, toda a informação do site. Hoje a startup tem 70 funcionários e recebeu em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, o prêmio de melhor aplicativo de inclusão social do mundo da World Summit Award Mobile, criado pela ONU.”
Foto: HandTalk/Divulgação |
Cristiano Cristiano Freitas, diretor executivo da Associação Brasileira de Startups (AbStartup) explica que qualquer empreendedor pode procurar a associação para receber o direcionamento inicial. A AbStartup tem um canal gratuito para os associados que trabalha em prol do empreendedor, com mentorias, programas de formação e treinamentos, mas também outras linhas, a custo baixo, que auxiliam os projetos em estágios mais avançados. Há, por exemplo, um programa nacional que auxilia o empreendedor nas primeiras semanas a sair da fase de ideias e partir para a construção do negócio.
Segundo dados do mapeamento mais recente realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABSTARTUPS), existem hoje mais de 13 mil startups em todo o país. Em 2020, eram em torno de 9.700. Apesar de não dependerem de localização geográfica, a distribuição desses empreendimentos pelo país é desigual. Mais da metade delas está concentrada na Região Sudeste (51,1%). As Regiões Centro-Oste, Norte e Nordeste, somadas, concentram apenas 22,4% dos empreendimentos.
Ronaldo Tenório explica que a startup de Alagoas só conseguiu alcançar todo o Brasil e agora o mundo graças a um incentivo que recebeu no próprio estado. “Isso só foi possível porque lá atrás contamos com financiamentos locais, de pessoas que acreditaram que um empreendimento de Maceió poderia ganhar o mundo”, destaca Ronaldo.
Mais investimentos para startups
Para aumentar a oferta de investimentos no setor, o Congresso Nacional analisa a possibilidade de oferecer uma linha de crédito ao setor por meio das instituições financeiras federais. O PL 5306/2020 coloca os empreendimentos tecnológicos em pé de igualdade com empresas que desenvolvem atividades produtivas em diversos setores, como mineral, industrial, agroindustrial, turístico e comercial.
A ideia é utilizar os Fundos Constitucionais de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), do Nordeste (FNE) e do Norte (FNO), provenientes de um percentual dos impostos federais arrecadados, em programas de financiamento para fomentar ou promover o início das startups. Esse tipo de empreendimento tem como objetivo o desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores de base tecnológica, com potencial de rápido crescimento, de forma repetível e escalável, ou seja, soluções que podem atender uma pessoa, ou um milhão de pessoas, em qualquer lugar do mundo, já que não há limites físicos ou barreiras regionais que impeçam.
Os Fundos Constitucionais para o Desenvolvimento Regional foram criados justamente para proporcionar igualdade de condições às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Segundo o deputado Laércio Oliveira, o Brasil é um país continental e as diferenças são enormes de região para região, ou seja, não se pode dar o mesmo tratamento para diferentes situações em que se encontram os jovens empreendedores. “É preciso um olhar especial para as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, fundamental para diminuir essas diferenças, criando condições para que os menos favorecidos possam ter acesso a investimentos que incentivem a criatividade e o empreendedorismo, que são as molas mestras para o desenvolvimento do nosso país”, destaca.
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