De janeiro de 2012 a agosto de 2023, mais de 489 mil brasileiros foram hospitalizados em decorrência da trombose venosa profunda (TVP). A média diária de internações de pacientes por causa da condição superou a marca de 165 pessoas, um recorde para o período analisado. Os dados são da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a partir de informações do Ministério da Saúde.
A trombose venosa é causada por um coágulo dentro da veia e classificada como profunda quando o trombo entra nas veias mais profundas, comprometendo o fluxo sanguíneo.
Causas mais comuns da trombose venosa
As causas da trombose estão relacionadas aos hábitos de vida, alimentação e genética do paciente, conforme explica o cirurgião vascular do Policlínica Hospital de Cascavel, Dr. Ricardo Adriano Gomes Araujo. “A idade do paciente é um fator que predispõe a desenvolver trombose; estado pós-operatório de pacientes que passam por cirurgias, principalmente aquelas que demandam um tempo de repouso muito prolongado, em que o paciente tem que ficar muito tempo imobilizado. As cirurgias ortopédicas, mais especificamente cirurgias de quadril e joelho, são procedimentos que têm maior risco do paciente desenvolver trombose; pacientes que usam hormônios, sejam estrogênios para reposição hormonal ou os que são usados como anticoncepcional e ainda os que fazem uso de anabolizantes”, enumera.
A contaminação por Covid-19 também pode aumentar o risco de trombose. “A Covid-19 desencadeia uma reação imunológica no organismo e isso faz com que no nosso sangue sejam produzidas substâncias que são pró-coagulantes, ou seja, o organismo produz coágulos de uma forma mais exagerada. Essa formação de coágulos aumenta principalmente naqueles pacientes mais graves, que são internados e precisam ir para a UTI, aumentando o risco de desenvolver trombose na vigência da infecção pelo Covid-19”, complementa.
Sintomas e diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce da trombose venosa, além de evitar o agravamento da doença e sequelas, também possibilita que o tratamento evolua de forma mais fácil e precisa. “O principal sintoma que chama atenção é o inchaço. O paciente percebe que a perna está ficando mais inchada que o normal, e é um inchaço que começa subitamente. Normalmente é uma perna só, raramente a trombose acomete as duas pernas, mas pode acontecer também no braço ou veias do pescoço. Esse inchaço vai causando uma limitação para o paciente caminhar, porque junto com o inchaço vem também a dor. A recomendação é que sempre que o paciente tiver algum sintoma assim, que procure o médico porque a trombose traz uma preocupação com sequelas, então quanto mais tempo o paciente demora para procurar atendimento, maior o risco de desenvolver sequelas”, alerta o médico.
O diagnóstico tardio, além de fazer com que o paciente não tenha uma boa recuperação do tratamento da doença, também pode ter sequelas. “Esses coágulos que se formam nas veias das pernas podem migrar pela circulação e ir parar na circulação do pulmão, com isso se desenvolve o que a gente chama de embolia pulmonar. Além disso, podem ocorrer outras sequelas que acontecem no próprio membro já acometido pela trombose, que é o inchaço crônico, que não melhora, mesmo com o tratamento”, ressalta.
Tratamento
O tratamento da trombose geralmente é realizado por meio do uso de medicamentos, mas casos mais graves podem levar à necessidade de cirurgia. “O paciente vai usar medicações sejam comprimidos ou injetáveis que têm o efeito de ‘afinar o sangue’, diminuir a coagulação, isso favorece que o coágulos já formados sejam degradados e também para evitar que não se formem novos coágulos. Outra possibilidade é o uso de meia elástica para aqueles pacientes que têm a perna mais inchada, ou quem tem o braço mais inchado pode usar malha elástica, o que ajuda a diminuir esse inchaço. Um pequeno grupo de pacientes vai ter indicação de fazer uma cirurgia para desobstruir essas veias. Neste caso, seriam as tromboses mais extensas, que pegam veias maiores. Na maioria das vezes essa cirurgia é feita por cateterismo, que é um tratamento endovascular e com isso conseguimos desobstruir as veias de forma mais precoce”, esclarece.
Prevenção
Além de manter hábitos saudáveis, como boa alimentação, prática de atividade física e controle do peso, a evolução de medicamentos e estudos em relação à doença tem auxiliado na prevenção. “A prevenção da trombose avançou bastante nos últimos anos, depois que se compreendeu que o paciente, principalmente em pós-operatório, ou enquanto doente, fique o mínimo de tempo possível imobilizado. O que se recomenda atualmente é que o paciente comece a caminhar, faça movimentos com as pernas, faça fisioterapia, e volte às atividades o mais cedo possível para que estimule a circulação e faça a prevenção da trombose só pelo fato de não ficar imobilizado. Usar meia elástica, principalmente no pós-operatório ou em períodos de imobilização, também colabora para a prevenção da doença. Hoje em dia temos várias opções de medicações que podem ser utilizadas como prevenção da trombose. Antigamente tínhamos apenas as medicações injetáveis, hoje temos em comprimidos, o que facilita bastante o uso do paciente”, finaliza.
Imagem Trombose Venosa |
Artigo de autoria Letícia Fernandes - Contelle Comunicação
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